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sábado, 4 de julho de 2015

ELZA E FRED

Umberto Magnani e Ana Rosa em "Elza e Fred", direção Elias Andreato. (Foto Divulgação)


IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

     Em cartaz no Teatro Maison de France, "Elza & Fred", uma adaptação para teatro do filme argentino do mesmo nome, dirigido por Marcos Carnevalle. A adaptação para teatro é do próprio Carnevalle, com direção de Elias Andreato. No elenco da atual versão brasileira da peça, que foi sucesso mundial no cinema (tradução Rodrigo Paz), temos Ana Rosa como Elza e Umberto Magnani, no papel de Fred. Estes dois personagens, heróis da velhice, conseguem vencer a limitação da idade e surpreender, neste encontro que lhes restitui a alegria de viver.    

     A sorte lhes bate a porta através de uma simples colisão de dois motoristas distraídos: um dos motoristas é Elza, e o outro alguém da família de Fred que se torna, inadvertidamente, um cupido. Explico: ao se constatar os danos feitos por Elza no super carro do genro e filha do vizinho, começa o destino a traçar a sua benéfica rede.

     A encenação é leve, aberta, com notas que remetem a "Three Coins in The Foutain", do filme do mesmo nome. O sonho de Elza, de conhecer a famosa "Fontana Di Trevi", vai ser realizado a partir da bendita colisão de dois automóveis quebrando pára-choques (algo muito simbólico). Sem maiores conseqüências para os carros, porém para o coração de Elza e de Fred, esta colisão é determinante.

     Quantas pessoas, ao atravessar a casa dos 70 anos, não sonhariam com essa colisão? E aí está o encanto da peça: o futuro alegre e glamoroso atravessando o limite da idade do amor. É muito bom ver um texto e seus atores se envolverem de maneira tão agradável nesta comedia de costumes (romântica?) fora de qualquer regra ou costume.

     E tudo isso se ampara na personalidade extrovertida e naturalmente feliz de Elza (Ana Rosa transmite alegria e malícia a seu personagem, dando leveza ao que poderia ser uma tragédia, já que ela, Elza, possuiu uma doença terminal). Pensando bem, Elza sabe que a vida é uma doença terminal...e trata de "colocá-la em seu lugar", a morte. Quanto a Fred (Umberto Magnani dá vida a um resignado velho, disposto a viver sua recente viuvez na companhia de um pássaro na gaiola, extensão da condição de Fred no mundo). Mas também este personagem sabe reconstruir a sua vida, e para isso nos transmite o "escândalo" que é viver a alegria que a vida lhe oferece. 
  
     E quem pode com a independência destes dois velhos? Não os filhos, não o genro. O neto compreende o avô, e temos uma das mais simpáticas relações neto e avô. No elenco, Isadora Ferrite, a filha de Fred; Igor Dib, Luciano Schwab, Fernando Petelinkar, David Geraldi David Leroy e Ando Camargo.

     A registrar, a projeção da cena de La Dolce Vita, com o famoso desfile de Anita Ekberg na sonhada Fontana de Trevi. Figurinos muito felizes do mestre Fabio Namatame, que também é responsável pelo cenário plástico e cheio de imaginação. Também os adereços são de Namatame, o que já é uma recomendação do bom visual da peça. Iluminação de Wagner Freire utilizando spots com luzes quentes sobre telões móveis. Jonatan Harold é o responsável pela bela intervenção musical.


BONS MOMENTOS DO MELHOR TEATRO. VALE A PENA CONFERIR!   

2 comentários:

  1. Oi Ida, um comentário como esse vindo de você é certeza de um ótimo espetáculo. Fiquei com água na boca. Ontem fui ver "Tribos" com o sempre sensacional Antonio Fagundes. Amei! Beijos.

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  2. Vá assistir Elza & Fred, Sylvia, você vai amar este espetáculo! Beijos

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