A TECELÃ, com Carolina Garica |
CRÍTICA
TEATRAL
IDA
VICENZIA FLORES
(da
Associação Internacional dos Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
“O
PÓS-ILUSIONISMO”
Julgar os
espetáculos do ponto de vista feminino tornou-se um hábito, um estilo... e
um desafio! Dessa vez estamos, com a
bela A TECELÃ, enfrentando o oposto do que costuma acontecer nos espetáculos
ilusionistas: sim, dessa vez a mulher não vai ser cerrada ao meio! Trata-se de
um pós-ilusionismo?
Isso é o que
veremos. O grupo gaúcho Caixa do Elefante “teatro de iluminação para todas as
idades”, nos surpreende, agora, em sua apresentação na temporada de 2013, no
Rio de Janeiro. Eles contam uma história, baseada no belo conto de Marina
Colasanti*, e essa história fica lavrada em nossa alma. Marina! Uma luz irreal
inunda a pequena caixa do Teatro III, do Centro Cultural do Banco do Brasil, e
essa luz nos prepara para emoções sofisticadas. A platéia assiste a tudo como
se ouvisse uma partitura musical. Silêncio profundo. Na primeira cena, a imagem
fluída de duas mulheres aparece no meio do palco. Instantaneamente desaparece. Ilusão?
E a cena se
inicia. A atriz bailarina, Carolina Garcia, se materializa, apresentando o seu
trabalho de tecelã. Com golpes certeiros de ilusionista, e destreza de
marionete, Carolina vai tecendo seus sonhos e destino. Dessa vez o príncipe,
por ela mesma inventado, não domina a sua história. Teatro de beleza e
sutilezas, embalado pela música de Nico Nicolaievski especialmente criada para
a ocasião.
A narrativa
aponta para a solução ideal: independência. São tantos os símbolos, tantas as
possibilidades. A cena marcante se dá quando a tecelã desfaz seu sonho, e sua
imagem surge, diminuta e desiludida, para ser imediatamente reconstruída,
através da solidariedade de sua igual. É um mundo novo que se abre. A força do
espetáculo está nesta mistura de razão e emoção que transborda das mãos da
tecelã.
Paulo
Balardim dirige o espetáculo e é o responsável pela dramaturgia e a cenografia. História e
ambientação simples; os sonhos ilusionista se desenvolvem em um palco negro,
contrastando com o colorido dos figurinos. Margarida Rache e Rita Spier os
criam, e Rita também está encarregada dos bonecos e da cenotécnica, com Alice
Ribeiro. Há, também a pesquisa em tecelagem, com assistência de Patrícia
Preiss.
A luz é um
fator importante, na cena ilusionista: faz voar objetos, desloca rapidamente as
cenas! Ela é composta por Bathista Freire e Daniel Fetter, sendo complementada
pelos vídeos da Beterraba Filmes.
Porém, sem
a mão mágica de Eric Chartiot, assessor do espetáculo para questões “do
ilusionismo”, as cenas, obviamente, não transmitiriam tal impacto. É quase
certo que, na platéia, o público já tenha brincado com mágicas e ilusionismo;
ou tenha querido brincar. Em sua passagem pelo Rio de Janeiro, o grupo gaúcho
deu um “laboratório de sensibilização para jovens e adultos, que queriam se
expressar através do teatro de animação”, ministrado por Mario de Ballentti, um
dos diretores artísticos da Companhia, e pela atriz Carolina Garcia. Perdemos.
Deve ter sido um sucesso absoluto. Imaginamos.
“A Tecelã”
é um espetáculo imperdível. A atenção do público não se afasta, nem por um
segundo, daqueles 50 minutos de encantamento. É tudo tão ... diferente! Para os europeus é uma linguagem cotidiana.
Talvez. O Caixa do Elefante apresenta-se, neste 2013, nos festivais de Avignon e de Edimburg.
Desejamos sucesso!
· - Conto de Marina Colasanti: “A moça tecelã”
saí do teatro sem palavras para a experiência de assistir A Tecelã. história sensível, fluida, impactante. 50 minutos que passam como mágica. impressiona a técnica do ilusionismo e a destreza das atrizes atuando com os bonecos, tornando-se um deles. sem palavras, como a platéia. dança, imagem, expressão e música. a peça proporciona experenciar as mais singelas e belas nuances da arte cênica. bj Ida!
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