Antonio Abujamra, Glauce Rocha e Jardel Filho na época da montagem de "Tartufo", de Molière. Anos 60. |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
UM TRECHO DA 'APRESENTAÇÃO' DO LIVRO DE ABUJMARA
SOBRE SALADINO - UM SULTÃO DIPLOMATA
DAMASCO
OS CRUZADOS E A "CAÇA AOS
MOUROS"
... Comecemos pelo francês, Jean de Joinville, o
"Senescal", e sua inspiradora
narrativa de uma batalha entre mouros e cristãos. Eis um espetáculo teatral:
"as armas do sultão (Saladino) eram todas de ouro, e quando o sol batia
nelas, resplandeciam esplendidamente. A algazarra que esse exército fazia com
seus timbales e trompas sarracenas era aterrorizante de ouvir". (Historia
de São Luiz, 1309).
O sultão
Saladino ficou na História como um diplomata, e os manuscritos dos muçulmanos
(não esqueçam que eles inventaram a escrita) falam sobre a VIIª Cruzada do Rei Luis IX
"para conquistar Jerusalém e exterminar os mouros". Os católicos praticam
estas barbaridades desde sempre, ou seja, depois de Cristo (d.C.).
Cabe-nos a ironia de reafirmar que quem
"inventou" este São Luis foi a Igreja Católica, pelo Papa Bonifácio
VIII, em 1297, alguns anos depois da morte do cada vez mais belicoso Rei Luis.
Quanto ao sultão Saladino, o diplomata, diz a Historia, era
amigo do intelectual imperador alemão Frederico (o tal que caiu na água com
ferradura (desculpe, armadura) e tudo, morrendo afogado). Pois "diz a
História", Saladino e Frederico tinham mútua admiração. O imperador alemão
mostrava-se cada vez mais cético em relação a essa guerrinha de bufões das
Cruzadas, o mesmo acontecendo com Saladino.
Esse passado enlouquecido forjou ficcionistas, e também grandes
artistas. As formações épicas do teatro de Abujamra estavam esperando o momento
oportuno para surgir, à semelhança dos arrebatadores espetáculos que o Islã
proporcionava aos Cruzados...
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